O Círculo é um padrão que se repete continuamente na Natureza; seja à nível micro ou macrocósmico, desde os átomos, planetas, estrelas, galáxias, observamos o formato circular em várias partes. No corpo humano, quando não circulares, somos arredondados: extremidades, ventre, orgãos, olhos. A mulher, como Filha da Grande Mãe que tudo gesta, carrega em seu corpo a manifestação da própria Deusa: o óvulo que fertiliza, o útero que abriga, o seio que amamenta, a barriga grávida que gera - cópias da Terra circular em diversas partes do mesmo ser. O movimento circular, de ciclos que se retroalimentam infinitamente, está dentro de nosso corpo nos feed-backs hormonais que desencadeam padrões cíclicos emocionais; bem como está inscrito à nível terrestre (ciclos lunares e solares) e cósmicos (eras, eons, etc.).
Para além do nosso corpo, exteriorizamos o círculo para as relações culturais, a extensão de nossa psique criativa. Os povos tradicionais, índios por exemplo, possuem suas casas circulares, com a organização interna pautada no melhor aproveitamento energético possível, pois assim é na Natureza. As danças, as rodas de transferência oral de sabedoria ao redor do fogo, os ritos de cura, os momentos de alimentação, em todos eles podemos indentificar um padrão circular sendo mantido e preservado. Assim, falar de círculos é falar de algo sagrado, pois eles têm haver com resgate de memórias ancestrais, algo que nos é inato, orgânico, visceral.
Os Círculos de Mulheres é um resgate à esta ancestralidade: às recordações de nossas rodas de infância, onde compartilhávamos brincadeiras de bonecas; às rodas juvenis, onde desvelávamos em confidências de adolescentes as descobertas do Ser indivíduo sexual; às rodas de Mulheres, onde podemos assumir pra toda nossa linhagem feminina, e acima de tudo pra nós mesmas, através da expressão por inúmeras vias, as várias faces que possuímos: ora lobas, ora borboletas! Se estamos em roda, somos iguais, podemos nos olhar nos olhos que se mantêm na mesma altura; não há superiores, somos todas sábias, donas de nossas emoções outrora tão reprimidas.
Assim, realizar Círculos de Mulheres é resgatar a força selvagem que habita nosso corpo-templo, através do compartilhar, do acesso as várias faces que somos e residem em nosso inconsciente, da cura das feridas oriundas de memórias sócio-culturais, do celebrar a Deusa que trazemos dentro de nós. Pode parecer simples, e o é, mas a força energética que muitas mulheres reunidas na intenção da cura pode criar é gigantesca; criamos um ponto de luz, que é emanado pela Terra toda, e pelo Cosmo inteiro. A questão é assumirmos pra nós mesmas nossas fraquezas, pois então teremos acesso à Fortaleza que também somos! Nós que temos que saber por onde queremos caminhar, e não simplesmente continuar seguindo àquilo que nos é socialmente imposto. A Deusa nos pede que voltemos à louvá-la, que sacralizemos nossos corpos e tudo o quê dele emana, que cuidemos da Natureza que tudo nos dá, e que entendamos que somos poderosas, criadoras de nossas próprias realidades!
Atendendo ao seu chamado e em uma parceria linda com Nicole Passos e a Casa Aho, nasceu o Clã Filhas da Terra. Mensalmente realizamos Círculos de Mulheres na cidade de Natal; para as interessadas, escrevam-me que envio o convite - biabarbalho@gmail.com .