"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Como as aves...


Sobre a dualidade da vida, ou pluralidade, não sei, venho hoje escrever. Eis que nos útimos dias tive o prazer inefável de vivenciar momentos tão dicotômicos, e isto me encheu de reflexões, de mais vida e de um respeito monstruoso pelos processos vitais e a necessidade de suas existências. Eu vivo de mortes, vos digo! Vivo de mortes e elas são carregadas de vida, me enchendo de vitalidade sempre que chegam ou que se vão. Parece mesmo uma dança caminhar entre o silêncio externo e os ruídos internos, entre a tranquilidade de minha mente e o barulho da cidade. Quando vejo o sol se pôr entre a fileira de prédios cinzas e quadrados, consigo sentir uma dura e ao mesmo tempo suave poética que inunda meu corpo, meu coração e minha mente - não existe outro lugar do mundo que eu quisesse ou pudesse estar que não exatamente aqui, neste cenário repleto de dualidades. Enquanto os pássaros voam por sobre os fios e semáforos, o verde do parque que corta a cidade continua sendo seu e meu norte - me vejo dividida entre o sol que se vai e o azul do mar e tento encontrá-los nas cores que se misturam com os corpos apertados no ônibus .

Há uma liberdade que almejo e que é mais interna que externa. É algo como aceitar esta dualidade (ou pluralidade) inata de todo ser, dotado de incertezas e imperfeições, mas também de nortes, como as aves. Eu gosto delas! São leves ao lançar vôo, mas pesadas ao construir ninhos - pacientes, do nascer ao sol poente - criando raízes temporárias em volta de suas crias, para então deixá-las ir e ser, apenas. Agora eu estou na busca deste Ser Integral - sair do ninho, buscar solo fértil pra semear, criar raízes, frutificar, mas nunca esquecendo da sensação extraordinária de voar, ir além, devanear. Afinal, do que vale está com os pés no chão se não me é permitido usar minhas asas? E mesmo quando não houver forças para aguentar - seja a dor, seja o riso - ainda assim eu irei empurrar com o pé o solo e ir, e rir ou chorar, quisá.

Acho que é por isto que eu me identifico com as mulheres parindo. Existe um 'quê' de fêmea nelas e junto uma crua dualidade que as permite chorar de dor e de alegria ao mesmo tempo, falar que não aguentam mais quando estão de fato aguentando e o podem ainda, gritar e logo em seguida silenciar com os olhos fechados. Eu me vejo nelas; mesmo não tendo passado por este momento, há algo que nos une e é este ser primitivo que sinto pulsar em mim, bem como as muitas crianças que já carrego em meu ventre, gestando constantemente, e que algumas vezes alcançam a superfície e brincam de esconder com minhas anciãs protetoras, se libertando em guerras de água e comida em plena quarta-feira na cozinha da casa mais linda da cidade. Nossa, como eu sou feliz!

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