"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dualidade que é Uno

Ontem foi o dia das almas que já passaram daqui pro outro lado de lá. No Brasil é chamado Dia dos Finados; no México e em outros países da América Central, diz-se Dia dos Mortos. Em várias partes do mundo pessoas oferecem flores, acendem velas, choram e sorriem relembrando dos momentos partilhados juntos; há ainda aqueles que celebram a ida de entes queridos com um saudosismo que tem mais haver com 'deixar ir' do que com 'querer que volte'. A forma como lidamos com a morte pode ser a mais diversa possível e muitas vezes está relacionado com a pessoa que se perde, como se perde, o tempo que se foi. A dor da perda pode ser irreparável para algumas pessoas; outras digerem ela com outro olhar e estômago. Não há receita de bolo para isto, nem caminho certo ou errado - como encaramos a vida e a morte tem muito haver com nossas histórias de vidas, e mais ainda com nossas concepções sobre o além da vida. Por isso, é abstrato, afinal, o quê sabemos sobre o lado de lá na maioria das vezes está vinculado à crenças religiosas e/ou à cultura que estamos inseridas. 

Eu recebi uma educação cristã e durante muito tempo da minha vida tive medo da morte, tanto de morrer quanto de perder as pessoas que amo.  Hoje tenho trazido outras leituras para a morte - tanto no que diz respeito a perda de pessoas, quanto olhando a morte como um complemento da vida. Vejo e sinto a morte como uma continuação do fio vital que nos mantêm indo e sendo infinitamente no Universo. Ela sempre está presente - assim como a vida está presente na hora do enterro, a morte também se espreita na sala quando uma criança chega ao mundo. 

É muitas vezes difícil pensar e sentir assim e pode ser que um dia eu venha a sentir diferente. Não há como negar a faceta do dor que há no sorriso que estampa a cara multicolorida da vida. Eu definitivamente quero morrer velha, cheia de cabelos brancos, ainda fazendo renda de bilro se os olhos me permitirem e entupida de estórias pra contar sobre os dias de amor e dor que passei. Mas quem sabe do amanhã? Quando o fim chega, dando início a um novo ciclo, não há como questionar. O que é, é. 

Ontem de manhãzinha cedo fui caminhar na praia até as falésias da Barreira do Inferno - poderoso portal aqui em Pium. Todas as cores que você possa imaginar se manifestam na argila centenária que compõe aquelas monumentais construções sedimentares. Me perguntei quantas gerações já foram naquele lugar, seja pra sorrir e agradecer, seja pra chorar e lamentar as dores do mundo que habitam seus corpos. Será que ainda vivem? Será que conseguiram um pouco da paz que buscavam? 

Eu me fortaleci ali! Chamei meus ancestrais e pedi forças pra continuar vivendo neste mundo de morte-vida diária. Agradeci à Iemanjá, Iansã e todos os orixás pelas bençãos que habitam meus dias; e no exato momento em que fiz o mudra das mãos unidas em prece na altura do coração, Iemanjá lavou meus pés, me abençoando novamente. Quando fui tomar o último banho de mar, uma caravela me queimou na perna! A manhã tinha sido toda perfeita, se não fosse por este incidente - pensei. Foi quando imediatamente me veio o recado das águas salgadas: não há vida sem dor! Mesmo com toda a beleza e plenitude que é viver, ainda assim há dor e morte para nos ensinar algo, refinando nossas almas e nos ajudando a evoluir. E como não querer que seja assim, se é por isto que aqui estamos, para evoluir?Agradeci de novo á imensidão azul - por lavar meus pés me abençoando e por abrigar a caravela que me queimou, trazendo-me um recado da Grande Mãe!

No Dia dos Finados, Dia dos Mortos, Dia das Almas, eu silenciei e falei muito também! Eu refleti sobre o choro e o riso, o luto e a festa; e enviei pensamentos de luz e amor para o ente que perdi dentro de minha linhagem sanguínea: Vovô de Bela. Uma alma profundamente iluminada que veio aqui distribuir sorrisos e não há como não agradecer á vida por ter tido a oportunidade de conhecê-lo nesta encarnação. Também pensei na minha ancestralidade espiritual, quando na beira de uma fogueira cantei junto com irmãos de alma á luz da lua, celebrando os elementos e todos os seres. 

Abaixo, o altar que fiz para o sangue e para a alma - a dualidade que há em mim e na vida, e que é unidade também!


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