"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Formigueiro Inter-Conectado


De 12 á 21 de Outubro a instalação "De Fora Adentro", idealizada pelo artista plástico Maurício Panella, fez uma intinerança entre o Parque das Dunas e o Complexo Cultural de Natal, localizado na Zona Norte. O projeto consiste em um mapa gigante da cidade de Natal - mais de 150 fotos de satélites trabalhadas e montadas em um grande quebra-cabeça. Os processos de percepções que são desencadeados nas pessoas que se aventuram em caminhar em cima do mapa são para além da espacialidade e abaixo eu compartilho o meu olhar sobre o outro e sobre mim mesma durante a vivência destes 10 dias como mapeadora-monitora.


Participar nessas duas semanas como monitora no Mapa foi um processo de auto-descobrir-se constante pra mim. Falo isto porque olhar com os olhos de outras pessoas e sobre outras perspectivas minha amada Natal foi como olhar diferente pra mim mesma. Eu nasci em Natal e me criei em Macau, onde vivi até os 12 anos de idade. Quando voltei pra Natal, Macau ainda era minha referência de cidade natal. Tive que sair daqui, me distanciar mais e mais das salinas, conhecer outras águas e terras, para só então, hoje, re-conhecer a cidade do Natal como uma Mãe. 

Percebi que desconheço a história de Natal e o Mapa me trouxe uma curiosidade imensa em ir além nas várias facetas que compõem a vida do povo que habita este lugar. Encantei-me novamente pela cidade quando eu já havia me desiludido totalmente dela! As pessoas que eu tive o prazer de conhecer, em especial na Zona Norte de Natal - as crianças do Alto da Torre e Dona Graça, a mulher do din-din – me mostraram uma Natal totalmente desconhecida e exuberantemente linda, não pelos aspectos físicos em si mas em essencial pela gente que habita o lugar. A gente que compõe e transforma o espaço e que se reconhece enquanto ser no mundo ao caminhar pelo mapa, desde o macro ao microcosmo, desde a imensa Natal até seu bairro, sua rua, sua escola, sua casa.

  
A experiência de trabalhar de novo com crianças foi engrandecedor! Elas ensinam mais que aprendem muitas vezes, e tudo parece uma festa constante. Claro que em vários momentos tive que ser criativa e procurar meios de chamar a atenção deles, o que fez brotar ótimas idéias de dinâmicas que podem ser trabalhadas mais á fundo e aplicadas com outras escolas. Ter em mente que o local onde vivemos é onde mais conhecemos e que por isto ele é um fim em si, para onde caminhamos no processo de re-conhecer-se enquanto indivíduo no mundo, me ajudou na busca de um fio dialógico entre o desconhecido e o conhecido. A partir da aproximação do desconhecido, pudemos então nos inserir no Todo e caminhar em direção á unidade. 


O tamanho do Mapa dá uma sensação de acolhimento, como braços que envolvem do Rio Potengi ao Mar. Ao mesmo tempo em que é vasto, é dimensionalmente pequeno – nunca o morro do Careca esteve tão perto da praia da Redinha. Tive constantemente a sensação corporal de ser gigante, e em outros momentos pequenininha como uma formiga; e quando pequena, me sentia compondo um grande formigueiro inter-conectado. 

Em cima do Mapa percebi o quanto desconheço esta cidade e o quanto as pessoas podem me mostrar uma Natal diferente daquela que eu conhecia. Em cima do Mapa me apaixonei pelos mais diversos cantos carregados das mais lindas histórias de uma gente colorida e que ainda guarda encantamento pelo chão que pisa. Em cima do Mapa observei com cuidado os pés que caminhavam em busca de suas ruas e casas, e os dedos que apontavam e não desgrudavam quando o encontro acontecia – era, enfim, a descoberta de habitar um espaço, de identificar-se enquanto um ser sendo no Universo. 


Para saber mais sobre a instalação "De Fora Adentro" e outros trabalhos do artista plástico Maurício Panella acessem: http://casadagua.wordpress.com/
Espero enormemente que vocês tenham a oportunidade de colocar o pés neste mapa-mundo-casa pelo menos uma vez na vida!

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