"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

terça-feira, 22 de maio de 2012

Odor Ocre de Sangue



Assim que entrei na sala, senti o cheiro ocre de sangue. Ela, entre lençois manchados e contorcionismos, exalava um odor enferrujado, metálico e preenchido que inundava todo o espaço. Do mais  profundo de sua matriz, o vermelho vertia, e eu me senti tão ela por ser também sangrante e sa(n)grada. Seu grito era fino e trêmulo, e estacionava na garganta, sem permitir-se ir até o coração e fluir para além da vagina. Queria morrer, queria matar-se, queria ir embora, e queria segurar minha mão - o possível impedimento que a freava de fazer tudo que dizia querer, e sutilmente eu recebia a responsabilidade pela coragem dela. Dizia não aguentar mais, que não conseguia, e tantas outras negativas que a colocava implicitamente como alguém esvaziada de poder, enquanto eu falava ao pé do ouvido: você pode, você consegue, confie, acredite! 

O sangue que corre entre as pernas depois de nove luas passadas e esta dor, ah, esta dor que dilacera e cura a alma, que transforma vidas, que entorpece corpos, que descortina a porta dos dois mundos. A dualidade ali, frente a frente, e a sabedoria de desde o início dos tempos fluindo através do rio fêmea, do mar fêmea, do terremoto fêmea, da embriaguez fêmea. 

Poucos dias, e a sangrante serei eu. Sangrante lua após lua, sa(n)grada vida após vida, e além dela. Saberei eu de meu poder? Acredito e confio nele?  

Sangue que escorre a cada mês, o mesmo sangue que se esvai do útero depois de nove voltas lunares ao redor da azul Terra. Azul de longe, mas ocre por dentro!!!


Um comentário:

Unknown disse...

Impressionante! A complexidade que você tirou de algo aparentemente tão natural e simples é de tirar o fôlego. Acho que esse texto deveria ser lido por todas as mulheres, para que elas pudessem ver o dom sobrenatural que seus ventres carregam, e deveria ser lido também por todos os homens para observarem toda a pureza que é carregada por esse ventre, porque desse modo, talvez, todos pudêssemos compreender que a igualdade entre o ser humano é inerente e que qualquer desequilíbrio foi simplesmente criado da hipocrisia. O espírito que carrega o texto é de uma verdadeira epifania sobre o que temos de mais verdade em nossa carne, o nascimento dela.