Cores se mesclam no céu e a vida
dos seres inanimados aparece, saltando os olhos. Parede, prédio, carro, faixa,
cadeira, banco, tudo ganha um toque especial, vira poesia ou algo do tipo. Não
sei se de fato é, ou os óculos que optei por usar os fazem assim, mas a verdade
é que a vida aparece nos lugares mais inusitados quando estamos presentes e
atentos. Para além do verde das árvores, dos pássaros cantando, das flores que
se destacam no meio do cinza, o próprio cinza ganha cores – tons de laranja,
amarelo, azul e lilás. Em dias de sol se pondo (e que bom que são todos os dias!)
um amigo me descreve em detalhes a vida que via nas cores. Sem olhar para o
céu, de olhos fechados e sentada na beira do mar, sentia meu corpo arrepiar com
a imagem que criava (e como é bom criar imagens!). Tem dias que vejo com os olhos
da alma (e que bom seria que fossem todos os dias!)! Aqueles olhos para o qual
não há óculos nem lentes, apenas a serenidade de olhar para o horizonte de
prédios enfileirados e ainda assim vê e sentir a beleza cortando da ponta à
ponte, a urbe agitada. Os olhos da alma vão além do físico, eles além de ver,
sentem, tocam, e sempre beijam por onde seus cílios passam. Eu adoro olhar com
os olhos da alma. Eu adoro quando eles se sobressaem à razão, e no silêncio
mostram sua sabedoria – a contemplação tão necessária em dias acelerados, as
pausas de Carlos Drummond que nos permitem sentir o alaranjar de cada coisa
viva e morta nesta terrinha. É, eu gosto dessa coisa de viver! Inefável ter a
possibilidade de fazer/ser diferente a cada sol nascente - sol poente.
Indescritível ter a honra de ver/sentir/quase tocar luas nascendo, mar-imensidão,
cantoria de passarinho, asas de borboletas batendo (e que bom seria ouví-las!),
chuva caindo lá fora, desabrochar de flores de dentro e de fora. Me falta
palavras e elas nunca poderiam descrever a gratidão que inunda meu ser! Mãe Divina
sabe, e eu sinto a presença Dela todo dia se manifestando por meio dos sons,
cores, sorrisos e situações que se apresentam, para que eu lembre sempre do que
é essencial e esqueça o que estiver me levando em caminhos que divergem do
Amor. Pois é a vida manifestação constante do Amor Divino, dentro e fora de
nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário