"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A vida é teia



Estive refletindo sobre o sentido do sagrado. Nesses dias que se passaram, ouvi falas de pessoas fortes sobre suas histórias de vida e indicações do sacro que habita seus corpos, sejam eles quantos forem e para onde se estendem.  Todas elas estavam baseadas em suas memórias: positivas ou não, temporais ou não, espaciais ou não, empíricas ou apenas teóricas, pouco importa, são memórias. Eu sou cheia delas! Ás vezes tenho a sensação que conheço pessoas que estou vendo pela primeira vez, mas que em algum lugar de minhas memórias me são familiares; em outros momentos saboreio uma canjica daquelas que derrete na boca e volto para os dias de São João de minha infância; há ainda os instantes em que me identifico na palavra e olhar do Outro, e ao me encontrar neles vejo o quanto existe uma sabedoria inata e ancestral que nos une e o quanto os nossos aprendizados, sejam eles oriundos das mais diversas e diferentes situações, tendem a nos conduzir para esta sabedoria, basta que estejamos abertos a reconhecer a humanidade que habita a divindade que somos.

Conversando com alguém sobre o sagrado feminino, me deparei com a seguinte pergunta:
- E como está o seu sagrado feminino?
- Cada vez mais sagrado, disse eu.

Depois de alguns segundos refletindo sobre o sentido do sagrado para cada um, perguntei:
- É sobre o sangue menstrual que você está falando?, tentando encontrar alguma pista do quê era sagrado pra ela.
- Não, sobre o pecado de Eva mesmo! disse ela e se calou.

Passei vários dias tentando decifrar o tanto de sacralidade que estava associada à palavra pecado para esta pessoa. Para ela, que teve gravidezes complicadas, um parto terrivelmente dolorido e um mioma no ovário que resultou em uma esterectomia, se considerar pecadora pode ser uma forma de confortar seu coração de mulher cristã. Para mim, que tive uma educação cristã, mas que encontro o sacro em outras religiões e manifestações espirituais, o sagrado pode sim se aproximar do conceito do pecado, mas simplesmente porque o próprio conceito cristã de pecado é uma deturpação da sacralidade ancestral, exatamente àquela sabedoria que nos une e que falei antes.

A alguns dias atrás encontrei uma outra mulher, com uma história de vida particular, mas com um conceito de sagrado oriundo do sofrimento que tem como base um aprendizado positivo e não martirizador. Ela também teve que tirar seus ovários e útero por causa de um cancêr, e depois de alguns anos pra entender os ensinamentos que isto estava te trazendo sobre a vida como um todo, depois de superar a angústia de não poder ser mãe, esta mulher resolveu ser feliz e agradecida à vida pela própria vida em si, com sua multiplicidade de fatores e peculiaridades. Ela decidiu deixar de lado a culpa, que à liga ao passado, e o medo, que à liga ao futuro, ambos tempos inexistentes, e começou a atuar ativamente no presente, o único tempo que existe e que ela pode influenciar  realmente. Ela resolveu não dormir com nada dentro dela, não alimentando nenhum sentimento ou emoção que possa a fazer adoecer de novo, em qualquer um dos níveis – físico, emocional, mental, espiritual. Assim, ela é sincera, doa a quem doer, e vive a sua vida da forma que acredita e quer, sem estimular prisões mentais. É uma mulher fortíssima, lindíssima, com a força da mulher selvagem correndo nas veias.

Um amigo me falou que precisamos agradecer mais, e percebi o quanto eu sou agradecida à Vida, o quanto agradeço sem nem ao menos pensar, em minhas ações rotineiras; mas, assim como os ritos de passagem, os ritos de agradecimento à algo são de extrema importância para que possamos abrir energeticamente os nossos caminhos e permitir que a onda flua, siga, e não estagne. Se plantarmos flores mas, ao invés de regá-las com amor e cuidado, dedicarmos um mísero tempo de nossas vidas atribuladas à elas, tornando rotina aquilo que é encantado e mágico - a semente saindo de sua dormência e brotando lindas mandalas florísticas – colheremos apenas cores fracas e sem vida.  

Dentro de toda esta reflexão do sagrado que somos e nos habita, e é a vida que nos rodeia, novamente me deparo com a teia: das aranhas, das tecelãs, das parteiras (tecedoras dos dois mundos) - nossa teia que abriga nossas memórias, nossas histórias de vida e nosso olhar sobre o Universo!

Somos um círculo, dentro de um círculo – sem princípio e sem final!

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