"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Nasceu Miguel e Krishna

Nascidos com apenas 1 semana de diferença, Miguel no dia 16 de outubro e Krisnha dia 22 de outubro, os librianos foram o centro de minha atenção no dia de ontem. Me deliciei com os novos sereszinhos que acabaram de encarnar neste mundo: cada movimento que eles faziam era acompanhados por meus olhos curiosos e a voz imitando criança (clássico!). É louco em tão pouco tempo vê-los na barriga, depois nascer, logo em seguida mamar, dormir, acordar e novamente mamar. Fico imaginando que deve ser algo como águas sendo divididas - da simbiose para a separação e depois gradativamente á individuação. 

Nossa, e que mulheres fortes durante o trabalho de parto! Kaline parecia uma loba, entregue, indo para algum lugar sagrado buscar mais força quando em cada contração seus olhos se fechavam e a boca uivava. Gelli em momentos estava no alto, mas quando chegava no chão e enraizava na Terra, sua força de fêmea era nitidamente vista e sentida pelos presentes. Ambas são mulheres que buscam através da espiritualidade o auto-conhecer-se e entendem o processo do parto como um momento espiritual, de iniciação e de conexão com o quê há de mais essencial, mais natural e mais cru dentro de si mesmas.

Parteira, Doula, Mama Gelli e Krisnha

Uma nova vida que chega é como se o Universo estivesse sendo criado naquele exato instante que a corpo ultrapassa o limite dos dois mundos. Algo como a descida do céu ou a elevação da Terra acontece e não há mais tempo, nem espaço, nem múltiplas realidades, apenas duas - a vida e a morte. Muito de mulheres como estas morre junto com um parto empoderado e nutrido de amor. Muito de mulheres como estas nasce quando na vivência de um parto empoderado e nutrido de amor. Muito se des-cobre, muito se re-vive, muito se re-verbera para todo o cosmo - é a criação do mundo que mais uma vez se inicia e se fecha naquele ínfimo instante! 

Gratidão Kaline e Miguel, gratidão Gelli e Krisnha - momentos e aprendizados fortes vocês me proporcionaram! 


Krisnha e sua tranquilidade nos meus braços

Miguel com vontade de mamar e eu tirando foto

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Conselho de uma Lagarta




" A lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. 
Por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca e dirigiu-se a Alice com uma voz lânguida e sonolenta. 
'Quem é você?', disse a Lagarta.
Não era um começo de conversa muito estimulante. Alice respondeu um pouco tímida: 'Eu...eu...no momento não sei, minha senhora...pelo menos sei quem eu era quando me levantei hoje de manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde então.'
'O que quer dizer', disse a Lagarta ríspida. 'Explique-se!'
'Acho que infelizmente não posso me explicar, minha senhora', disse Alice, 'porque já não sou eu, entende?'
'Não entendo', disse a Lagarta.
'Receio não poder me expressar mais claramente', respondeu Alice muito polida, 'pois, para começo de conversa, não entendo a mim mesma. Ter muitos tamanhos num mesmo dia é muito confuso.'
'Não é', disse a Lagarta.
'Bem, talvez ainda não pense assim', disse Alice. 'Mas quando se transformar numa crisálida - o que vai acontecer um dia, sabe - e depois numa borboleta, acho que vai se sentir um pouco esquisita, não acha'
'Nem um pouco', disse a Lagarta.
'Bem, talvez seus sentimentos sejam diferentes', disse Alice. 'O que eu sei é que eu iria me sentir esquisita.'
'Você!', disse a Lagarta com desdém. 'Quem é você?' "

Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aconteceu...


No dia 12.10.2011, no Parque das Dunas, o 1° Mamaço e 1° Slingada da cidade de Natal. Como era Dia das Crianças, o Parque estava cheio de pequeninos, e as muitas atrações fez com que o espaço do Mamaço ficasse um pouco escondido, fazendo o fluxo de mamães ser reduzido. Ainda assim, conversamos com algumas mães que passavam sobre a importância do aleitamento materno, mas foram apenas algumas que se sentiram à vontade de chegar no espaço, colocar suas tetas pra fora e alimentar seus filhotes em público.



Contamos também com a presença de mães ainda não paridas, super atentas às dicas dadas pelas mais experientes. Trocando informações sobre amamentação e parto, os olhares se mostraram curiosos quando o sling e as fraldas de pano surgiram na roda, mostrando alternativas mais ecológicas e saudáveis para o bebê.


O 1° Mamaço e 1° Slingada da cidade de Natal foram realizados pela R.A.M.A. (Rede de Apoio á Maternidade Ativa), mas não podemos deixar de agradecer á Maurício Camargo Panella, artista plástico e escultor, que com mãos cheias de magia construiu a Casa Mãe Terra - escultura localizada no Parque das Dunas e que neste mesmo dia estava comemorando 8 anos de existência através do evento "Cantos Cardeais: Curas e Celebrações". A barriguda ficou feliz pela presença de tantas mamíferas - filhas da Mãe Terra que gestam crias, leite e sonhos em seus ventres e seios! Desejamos que as mulheres estejam mais e mais abertas à vivenciar gestação, parto e maternidade de forma ativa e saudável, e para isto a R.A.M.A. inicia seus passos lentamente, pois acreditamos que para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer (como diria Odent).

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Como as aves...


Sobre a dualidade da vida, ou pluralidade, não sei, venho hoje escrever. Eis que nos útimos dias tive o prazer inefável de vivenciar momentos tão dicotômicos, e isto me encheu de reflexões, de mais vida e de um respeito monstruoso pelos processos vitais e a necessidade de suas existências. Eu vivo de mortes, vos digo! Vivo de mortes e elas são carregadas de vida, me enchendo de vitalidade sempre que chegam ou que se vão. Parece mesmo uma dança caminhar entre o silêncio externo e os ruídos internos, entre a tranquilidade de minha mente e o barulho da cidade. Quando vejo o sol se pôr entre a fileira de prédios cinzas e quadrados, consigo sentir uma dura e ao mesmo tempo suave poética que inunda meu corpo, meu coração e minha mente - não existe outro lugar do mundo que eu quisesse ou pudesse estar que não exatamente aqui, neste cenário repleto de dualidades. Enquanto os pássaros voam por sobre os fios e semáforos, o verde do parque que corta a cidade continua sendo seu e meu norte - me vejo dividida entre o sol que se vai e o azul do mar e tento encontrá-los nas cores que se misturam com os corpos apertados no ônibus .

Há uma liberdade que almejo e que é mais interna que externa. É algo como aceitar esta dualidade (ou pluralidade) inata de todo ser, dotado de incertezas e imperfeições, mas também de nortes, como as aves. Eu gosto delas! São leves ao lançar vôo, mas pesadas ao construir ninhos - pacientes, do nascer ao sol poente - criando raízes temporárias em volta de suas crias, para então deixá-las ir e ser, apenas. Agora eu estou na busca deste Ser Integral - sair do ninho, buscar solo fértil pra semear, criar raízes, frutificar, mas nunca esquecendo da sensação extraordinária de voar, ir além, devanear. Afinal, do que vale está com os pés no chão se não me é permitido usar minhas asas? E mesmo quando não houver forças para aguentar - seja a dor, seja o riso - ainda assim eu irei empurrar com o pé o solo e ir, e rir ou chorar, quisá.

Acho que é por isto que eu me identifico com as mulheres parindo. Existe um 'quê' de fêmea nelas e junto uma crua dualidade que as permite chorar de dor e de alegria ao mesmo tempo, falar que não aguentam mais quando estão de fato aguentando e o podem ainda, gritar e logo em seguida silenciar com os olhos fechados. Eu me vejo nelas; mesmo não tendo passado por este momento, há algo que nos une e é este ser primitivo que sinto pulsar em mim, bem como as muitas crianças que já carrego em meu ventre, gestando constantemente, e que algumas vezes alcançam a superfície e brincam de esconder com minhas anciãs protetoras, se libertando em guerras de água e comida em plena quarta-feira na cozinha da casa mais linda da cidade. Nossa, como eu sou feliz!